A prematuridade possui implicações que, a longo prazo, podem causar sequelas incapacitantes, o que requer acompanhamento profissional para garantia de um desenvolvimento adequado¹. Em razão disso, destaca-se a importância de ações que proporcionem acolhimento às crianças pré-termo e seus familiares, a fim de garantir o desenvolvimento pleno.
No âmbito acadêmico as ações de extensão universitária têm sido uma importante ferramenta de promoção à saúde e intervenção precoce². Nesse contexto, destaca-se o projeto de extensão "Ambulatório da Criança de Risco- ACRIAR", cuja ação proporciona à criança pré-termo acompanhamento com profissionais da saúde a fim de detectar possíveis alterações em seu desenvolvimento.
O ambulatório da Criança de Risco (ACRIAR) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG) é um projeto de extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - FM-UFMG, realizado no Hospital Bias Fortes - Belo Horizonte/MG. É um ambulatório de follow-up de recém-nascidos pré-termo (RNPT), com baixo peso (menor que 1500 gramas) e/ou idade gestacional inferior a 34 semanas, provenientes da Unidade de Cuidados Progressivos Neonatal da Maternidade Otto Cirne do HC/UFMG. O acompanhamento destas crianças é realizado por uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, pediatra, neuropediatra, psicologia, enfermagem, assistência social e auxiliares administrativos) desde a alta hospitalar até os sete anos de idade. Assim, o objetivo do projeto é acompanhar o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor desta população e realizar intervenção precoce e tratamento das possíveis sequelas relacionadas à prematuridade.
Outro ponto que merece destaque é a preocupação com a formação de profissionais capazes de planejar e implementar ações programáticas em distintas realidades, buscando métodos e técnicas que garantam a melhoria de qualidade no atendimento sem perder de vista a humanização das relações interpessoais no âmbito da atenção à criança que constitui parte fundamental do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Outro marco na formação dos estudantes de Fonoaudiologia é a preocupação com atividades que garantam a integralidade das ações de saúde, ou seja, em todos os programas desenvolvemos ações de caráter preventivo e curativo, individual e coletivo, buscando atender as necessidades da população.
Uma questão importante no sistema de saúde diz respeito à evidente dificuldade em absorver a crescente demanda de pacientes com distúrbios da comunicação humana. Tal fato resulta da relação estabelecida entre vagas disponibilizadas para atendimento fonoaudiológico na rede pública de saúde do município de Belo Horizonte, número de fonoaudiólogos contratados pela rede municipal e a disponibilidade de recursos. Assim, criar formar profissionais capazes de acompanhar o crescimento e desenvolvimento de crianças de risco é fundamental para construção de novas práticas no sistema de saúde.
Buscar estratégias de atendimento que formem profissionais críticos e capazes de desenvolver, discutir e disseminar novas tecnologias de prática fonoaudiológica é parte fundamental de um curso de graduação em Fonoaudiologia. Além disso, busca-se sistematizar o registro dos atendimentos e do fluxo dos pacientes no Projeto o atendimento fonoaudiológico ambulatório da Criança de Risco (ACRIAR)do Hospital das por meio da construção de banco de dados. A partir do banco de dados serão realizados trabalhos científicos para a difusão dos resultados do projeto.
Referências
1- Weiss MC, Fujinaga CI. Prevalência de nascimentos baixo peso e prematuro na cidade de Irati-PR: implicações para a fonoaudiologia. Revista Salus-Guarapuava-PR. 2007; 1(2).
2- Biscarde DGS, Pereira-Santos M, Silva LB. Formação em saúde, extensão universitária e Sistema Único de Saúde (SUS): conexões necessárias entre conhecimento e intervenção centradas na real
Objetivo geral:
Ofertar à população atendimento de qualidade e excelência em um ambulatório follow-up de recém-nascidos prematuros.
Objetivos específicos:
Objetivos
1. Propiciar ao estudante do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais a vivência de um ambulatório de follow-up de recém-nascidos prematuros (RNPT), que atende crianças de um mês a sete anos de idade com histórico de nascimento com peso menor que 1500g e/ou idade gestacional inferior a 34 semanas, provenientes da Unidade de Cuidados Progressivos Neonatal da Maternidade Otto Cirne do HC/UFMG.
2. Oportunizar o desenvolvimento de habilidades no acolhimento e atendimento aos pais e crianças, bem como a organização e desenvolvimento da escrita em prontuários pelos estudantes de Fonoaudiologia.
3. Avaliar a efetividade e a resolutividade do atendimento fonoaudiológico em um ambulatório de follow-up de recém-nascidos prematuros.
4. Inserir o estudante de fonoaudiologia em atividade extracurricular que propicie a aprendizagem e discussão de estratégias de detecção, orientação e acompanhamento de crianças com histórico de prematuridade, fornecendo subsídios para que se torne um profissional crítico, capaz de planejar, implementar e avaliar diferentes ações programáticas voltadas ao desenvolvimento infantil.
5. Propiciar a atuação dos bolsistas como agentes multiplicadores, disseminando novas ideias e práticas entre estudantes do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Metodologia:
O projeto com a atual proposta de inserção da Fonoaudiologia teve início em novembro de 2017 no Hospital das Clínicas/UFMG no Ambulatório de Assistência à Criança de Alto Risco (ACRIAR) onde é realizado o acompanhamento interdisciplinar de crianças nascidas com idade gestacional inferior a 34 semanas e/ou com peso menor que 1500 g, desde a alta hospitalar até os sete anos de vida. Na composição da equipe constam pediatras, neuropediatra, enfermeiras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas e estudantes de graduação e pós-graduação. O desenvolvimento das atividades tem carga horária de cinco horas e ocorre às quartas-feiras, no período vespertino.
A equipe de fonoaudiologia é formada por uma docente (orientadora do projeto) do Curso de Fonoaudiologia, uma fonoaudióloga doutoranda em Neurociências, 13 graduandos do Curso de Fonoaudiologia da UFMG do quarto ao décimo período.
Todos os atendimentos, inclusive o fonoaudiológico, são realizados no quarto andar do Hospital Bias Fortes, às quartas-feiras, de 13h30min às 17h30min. Os atendimentos são realizados em duplas pelos graduandos dos períodos iniciais, sob monitoria das graduandas décimo período, e supervisionados pela fonoaudióloga e pela orientadora do projeto. Após o término dos atendimentos fonoaudiológicos a equipe se para discussão dos casos atendidos.
A discussão dos casos é um momento primordial para que a orientadora e os acadêmicos comecem a construir uma relação de co-responsabilização pelas ações que foram implementadas.
No primeiro atendimento da Fonoaudiologia é realizada anamnese; avaliação do desenvolvimento da linguagem, por meio do Protocolo adaptado para avaliação de crianças de 2 a 24 meses e do Protocolo de Observação de Comportamento (; acompanhamento e avaliação auditiva por meio da realização do exame de Emissões Otoacústicas; orientações aos familiares e cuidadores sobre o desenvolvimento da linguagem e audição da criança; realização de encaminhamentos, quando necessário; e agendamento para nova consulta que ocorrerá de acordo com os marcos do desenvolvimento da criança. No retorno, as crianças são reavaliadas, e se necessário, são realizados novos encaminhamentos.
Na prática clínica, a avaliação de linguagem pode ser realizada por meio de quatro tipos de instrumentos: testes padronizados, escalas de desenvolvimento, protocolos e observação do comportamento, todos utilizados no processo de avaliação no projeto ACRIAR na área da Fonoaudiologia.
É essencial o acompanhamento do desenvolvimento da linguagem e da audição nas crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, com a finalidade de identificar alterações o mais precocemente possível, e assim realizar uma intervenção adequada que irá favorecer a aprendizagem, comunicação e o desenvolvimento global da criança.
Indicadores de avaliação:
Avaliação é realizada de forma contínua e em 360 graus, ou seja, todos os envolvidos participarão de processos avaliativos durante todo o período de inserção no projeto. Outro parâmetro de avaliação é o número de atendimentos realizados. A média de atendimentos realizados pela equipe às quartas-feiras, de 13h30min às 17h30min é de oito crianças. E finalmente, o último parâmetro de avaliação será a satisfação dos usuários e dos membros das demais especialidades com a inserção da fonoaudiologia no projeto.
Estudantes membros da equipe
Plano de atividades:
Sensibilização dos estudantes que participarão do projeto; Fundamentação teórico-prática da equipe;
Carga horária; 2 horas.
*Preparação do atendimento: organização e agendamento a dos prontuários da lista de espera do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das clínicas;
Carga horária semanal de 2 horas.
*Atendimento: Planejamento e execução das atividades desenvolvidas no acompanhamento e avaliação das crianças;
Carga horária semanal de 4 horas
*Reunião semanal com coordenador e orientadores do projeto para estudo planejamento e avaliação do projeto. Carga horária semanal de 1 hora.
*Reunião executiva semanal com coordenador e/ou orientadores do projeto para encaminhamentos técnicos necessários ao andamento do projeto;
Carga horária semanal de 2 horas.
*Realização e apresentação de relatório das atividades desenvolvidas para apreciação do Orientador e do Coordenador;
*Participação em seminários trimestrais para discussão de temas relevantes ao desenvolvimento do projeto. *Participação no seminário anual para discussão das principais aquisições acadêmicas teóricas e práticas propiciadas pelo projeto;
*Participação nas atividades da Semana da Graduação, na qual deverá apresentar pôster.
Gestão da página do Instagram @fonoacriar - 1 hora/semanal
Plano de acompanhamento e avaliação:
O acompanhamento da participação nas atividades propostas pelo coordenador e orientadores do projeto, apresentação dos relatórios e capacidade de planejar e discutir ações desenvolvidas no projeto com os demais estudantes envolvidos e orientadores.
Processo de avaliação:
A avaliação será realizada a partir do cumprimento das atividades supracitadas propostas. A auto avaliação na qual o bolsista deverá relatar impacto do projeto em atuação prática e concepções teóricas também será realizada. O terceiro instrumento será avaliação da relação com os demais bolsistas e alunos voluntários durante o desenvolvimento do projeto e avaliação da participação do docente no projeto.
Informações específicas
Articulado com política pública:
Não
Vínculo com Ensino:
Sim
Vínculo com Pesquisa:
Sim
Informações adicionais
Informações adicionais:
Durante a realização do projeto serão necessários, simultaneamente, três consultórios do Ambulatório Bias Fortes da Universidade Federal de Minas Gerais. Outra necessidade é a disponibilização de uma sala na faculdade de Medicina da UFMG. Cabe ressaltar que a Coordenação do ACRIAR do Hospital das Clínicas e a Seção de Serviços Gerais da Faculdade de Medicina já disponibilizaram as salas para a realização do projeto.