A literatura aponta que com o envelhecimento e as doenças/comorbidades, os músculos relacionados à mastigação e deglutição perdem força e massa, e essa perda muscular está associada a alterações na alimentação com impactos importantes nas fases preparatória oral e faríngea da deglutição. A sarcopenia é definida como uma doença que atinge o músculo esquelético, na qual a baixa força muscular é atualmente o determinante principal, mas os parâmetros de quantidade/qualidade muscular e de desempenho físico também auxiliam (e muito) no diagnóstico que pode afetar a musculatura de todo o corpo, incluindo o enfraquecimento dos músculos envolvidos no sistema estomatognático e ocasionar disfagia. A disfagia é um sintoma que ocorre mediante a disfunção de um ou mais dos mecanismos que compõem a deglutição: preparação, umidificação do bolo alimentar, controle oral, fechamento velofaríngeo, proteção das vias respiratórias, propulsão faríngea e abertura do esfíncter esofágico superior. É um distúrbio que acomete negativamente a qualidade de vida, pois dificulta a ingestão de medicamentos, alimentos e líquidos levando à desidratação, desnutrição e pneumonia por aspiração. Tanto a sarcopenia quanto a disfagia estão relacionadas ao risco de fragilização nos idosos, resultando em consequências negativas tanto da dimensão física quanto das dimensões cognitivas e sociais. Assim, a base desse projeto é criar um apoio de assistência fonoaudiológica de excelência para os idosos sarcopênicos em risco de fragilização, compartilhando ensino e pesquisa. Acredita-se que a partir desta iniciativa, criará substrato para incentivar as medidas de prevenção à saúde, capacitação de alunos e profissionais além gerar novos conhecimentos e pesquisas na área. O caráter multiprofissional desde sua essência reforça a possibilidade de vínculos de projetos com outros grupos.
Objetivo geral:
Promover apoio e assistência à saúde de idosos sarcopênicos com sinais e sintomas de disfagia e seus cuidadores.
Objetivos específicos:
Objetivos
- Promover um processo educacional aos pacientes, familiares e cuidadores, fornecendo informações relacionadas à disfagia e seus cuidados;
- Prescrever e orientar os pacientes quanto à realização de exercícios de treinamento funcional da deglutição a serem realizados no domicílio, visando a manutenção das atividades relacionadas ao processo de alimentação;
- Treinar e orientar os cuidadores e familiares quanto ao processo de alimentação para conscientizá-los sobre a existência de disfagia, a prevenção de riscos e doenças, a necessidade de acompanhamento, possibilidade de tratamento;
- Proporcionar uma formação complementar aos estudantes, promovendo interação dialógica com a sociedade com atividades de prevenção de riscos e doenças, educação e pesquisa;
- Estudar fatores clínicos, funcionais, bioquímicos, nutricionais, de composição corporal e psíquicos que influenciam a presença da disfagia nos idosos sarcopênicos;
- Averiguar o efeito das intervenções fonoaudiológicas na prevenção de declínio funcional e no tratamento da sarcopenia
- Obter medidas objetivas de morbidade, mortalidade e funcionalidade dos idosos envolvidos no projeto.
verificar possível associação entre o uso de próteses dentárias e os aspectos sociodemográficos, clínicos e dos componentes e funções do sistema estomatognático da pessoa idosa em processo de fragilização
Metodologia:
A ação do projeto é eminentemente prática, realizada no serviço do Instituto Jenny de Andrade Faria. Participarão deste projeto de extensão idosos em risco de fragilização com sinais e sintomas de disfagia por meio de encaminhamento. A ação ocorrerá, nas salas destinadas ao serviço de fonoaudiologia 104 e 105, primeiro andar, às sextas no turno da tarde.
A equipe será formada por duas docentes (uma coordenadora do projeto) do curso de Fonoaudiologia, uma fonoaudióloga concursada da UFMG e estudantes de graduação, pós-graduação e residentes da fonoaudiologia, bem como a participação e a colaboração de demais docentes da área de geriatria e gerontologia atuantes no serviço do Instituto Jenny de Andrade Faria.
O projeto acontecerá em duas atividades distintas, sendo que o desenvolvimento de todas as atividades terá carga horária total de seis horas semanais.
Em uma delas, o estudante irá acompanhar a fonoaudióloga-residente nos atendimentos mediante o encaminhamento, discussão com a equipe multiprofissional, fornecendo assistência relacionadas à disfagia e seus cuidados. Nessa atividade, o estudante acompanhará o atendimento semanal com a carga horária de quatro horas.
Nesta atividade, todos os idosos terão seus dados sociodemográficos e clínicos conferidos e em seguida realizar-se-á o índice de vulnerabilidade clínico-funcional (IVCF-20) e parâmetros para sarcopenia (força, massa e desempenho físico). O Índice de Comorbidade e a Medida de Indepedência Funcional (MIF) também serão avaliados. A avaliação fonoaudiológica consistirá da Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores para Idosos (AMIOFE-I) para caracterizar e graduar as condições musculares e funcionais das estruturas orofaciais especificamente de idosos, Rastreio de alterações na mastigação (RAMI) e na deglutição (RADI) e a Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (FOIS) para analisar a via de alimentação que o indivíduo consegue ingerir de forma segura, graduando em 7 níveis. A partir da avaliação, será traçado o plano de cuidados.
Os estudantes também terão uma escuta ativa para as demandas dos cuidadores com relação às dificuldades enfrentadas durante o processo de alimentação do idoso. Portanto, em relação ao cuidador será aplicada a Escala Zarit Burden Interview para avaliar sobrecarga de trabalho e o Questionário de Qualidade de Vida com 36 itens relacionados à saúde.
Na outra atividade, serão destinadas duas horas semanais para os estudantes sistematizar os registros dos atendimentos, bem como discussão das atividades desenvolvidas no projeto com a equipe, incluindo discussão dos casos clínicos e evidência científica.
Indicadores de avaliação:
O projeto será avaliado de forma contínua e todos os envolvidos participarão dos processos avaliativos. A avaliação apresentará os seguintes eixos: a) Processo de aprendizagem do estudante; b) Processo de auto-avaliação; c) Número de acompanhamentos realizados d) Propostas de estratégias e melhoria do trabalho individual e coletivo;
Estudantes membros da equipe
Plano de atividades:
Atividades teórico-práticas:
1. Observação da atuação fonoaudiológica;
2. Oficinas educativas sobre a disfagia e orientações sobre os seus cuidados;
3. Treinamento funcional da deglutição a ser realizado no domicílio;
4. Participação de discussão de casos clínicos;
5. Participação das atividades desenvolvidas na unidade, incluindo o programa de residência, a capacitação da equipe, bem como orientações aos familiares, a partir da demanda da coordenação da Unidade e demais profissionais do serviço.
Plano de acompanhamento e avaliação:
O acompanhamento será individual e coletivo por meio de discussões, apresentações de temas pertinentes e atendimentos clínicos. A supervisão irá desenvolver no estudante a capacidade de planejar e discutir ações desenvolvidas no projeto com os demais estudantes e profissionais.
Processo de avaliação:
A avaliação será realizada a partir do cumprimento do plano de atividades. Dessa forma, os alunos serão avaliados quanto: a) Frequência, pontualidade e postura ética; b) Participação nas atividades, levando-se em consideração a disponibilidade; c) Capacidade de discussão sobre as ações desenvolvidas no projeto; d) Auto-avaliação quanto ao impacto (positivo e negativo) do projeto em sua atuação prática e concepções teóricas.